sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Vamos a contas (sérias)...


Temos assistido nos últimos tempos a um ruído ensurdecedor, sobre as perdas de rendimentos dos trabalhadores por conta de outrem e pensionistas, devido ao aumento de impostos para o ano de 2013. Apelidadas por alguns, como “um roubo ou assalto à mão armada, e outras coisas parecidas”, a maioria devia era estarem calados, pois muitos deles, são os grandes responsáveis pela situação a que chegámos.

É claro que, a maioria das pessoas, gostaria de não ter qualquer corte nos seus rendimentos e, se possível, que eles até fossem aumentando, nem que fosse à custa de dinheiro emprestado, que mais tarde ou mais cedo, alguém haveria de pagar. Isso também eu queria, mas as coisas mudaram e, dificilmente, voltarão ao que eram, independentemente, de quem venham a ser os mandantes no futuro.

Agora que a coisa começa a ficar mais clara, a assentar a poeira e, a serem conhecidos dados mais concretos, vou aqui tentar fazer uma análise, mais ou menos objectiva, sobre o que irá mudar em 2013, para que cada um tire as suas ilações. Se estiver enganado, reconhecerei o erro e pedirei desculpa.

Convém previamente esclarecer que, segundo me informei, os contribuintes com rendimentos até 570 € mensais, que são mais de 2 milhões (entre trabalhadores e pensionistas), irão continuar isentos do pagamento de IRS, e no caso dos pensionistas receberão o correspondente a 14 salários anuais.

Vejamos então 5 exemplos:

1º Exemplo:

- Em 2012, um funcionário público que tenha um vencimento mensal de 1 200 €, pagou de IRS (11%) cerca de 132 €/mês; para a CGA (11%) 132 €; para a ADSE (1,5%) 18 €. O que quer dizer que recebe de valor líquido 918 €/mês, durante 12 meses.

- Em 2013, o mesmo funcionário, depois da reposição do subsídio de Natal em duodécimos, passará a ter um vencimento mensal de 1 300 € /mês; pagará: de IRS 293 € (24,1%); para a CGA 143 € (11%); para a ADSE 19,5 € (1,5%). O que quer dizer que recebe de valor líquido 845 €. Menos 70 €/mês do que em 2012.

2º Exemplo:

- Em 2012, um funcionário público que tenha um vencimento mensal de 3 000 €, pagou de IRS (25%) cerca de 750 €/mês; para a CGA (11%) 330 €; para a ADSE 45 € (1,5). O que quer dizer que recebe de valor líquido 1 875 €/mês, durante 12 meses.

- Em 2013, o mesmo funcionário, depois da reposição do subsídio de Natal em duodécimos, passará a ter um vencimento mensal de 3 250 € /mês; pagará: de IRS 978 € (30,1%); para a CGA 357 € (11%); para a ADSE 49 € (1,5%). O que quer dizer que recebe de valor líquido 1 866 €. Menos 9 €/mês do que em 2012.

3º Exemplo:

- Em 2012, um Aposentado que tenha uma Pensão mensal de 1 500 €, paga de IRS 195 € (13%); para a ADSE 22,5 € (1,5%). O que quer dizer que recebe de valor líquido 1 280 €, durante 12 meses.

- Em 2013, o mesmo Aposentado, depois da reposição do subsídio de Natal e 10% do Subsídio de Férias em duodécimos, passará a ter uma Pensão 1 640 €; pagará: de IRS 382 € (25,5%); para a ADSE 22,5 € (1,5%). O que quer dizer que recebe de valor líquido 1 235 €. Menos 45 €/mês do que em 2012.

4º Exemplo:

- Em 2012, um Trabalhador do Sector Privado que tenha um vencimento mensal de 1 200 €, paga de IRS cerca de 132 € (11%); para a Seg. Social 132 €. O que quer dizer que recebe de valor líquido, cerca de 13 104 €/ano, pago em 14 meses (936 €/mês).

- Em 2013, o mesmo Trabalhador do Sector Privado, depois da diluição do subsídio de Férias em duodécimos, passará a ter um vencimento mensal de 1 300 €; pagará: de IRS 340 € (26,2%); para a Seg. Social 143 € (11%). O que quer dizer que recebe de valor líquido, cerca de 10 621 €/ano (pago em 13 meses), 817 €/mês. Menos 119 €/mês, e só receberá 13 meses. O que dará um corte anual de 2 483 euros.

5º Exemplo:

- Em 2012, um Trabalhador do Sector Privado que tenha um vencimento mensal de 900 €, paga de IRS cerca de 60 € (6,5%); para a Seg. Social 100 € (11%). O que quer dizer que recebe de valor líquido de cerca de 10 360 €/ano, pago em 14 meses (740 €/mês).

- Em 2013, o mesmo Trabalhador do Sector Privado, depois da diluição do subsídio de Férias em duodécimos, passará a ter um vencimento mensal de 975 €; pagará: de IRS 235 € (24,2%); para a Seg. Social 107 € (11%). O que quer dizer que receberá de valor líquido, cerca de 8 229 €/ano, pago em 13 meses (633 €/mês). Menos 107 €/mês, e só receberá 13 meses. O que dará um corte anual de 2 130 euros.

Resumindo: Os Trabalhadores do Sector Privado, destes exemplos, perderão entre 110 a 120 €/mês, e ainda um mês de ordenado, o que dá, anualmente, perdas médias de 2 salários mensais. Algo muito parecido ao que já tinha acontecido com os Funcionários do Estado e com os Pensionistas em 2012.

Os nossos governantes, mostram assim, que sabem fazer contas, pelo menos, no que toca a “cortes”...

3 comentários:

Jorge Miranda disse...

Muito bem a isto chama-se Serviço Publico...bem haja Bugalhão

Clarimundo Lança disse...

Muito bem aplausos.....
Só que há um pequeno senão, quando falaste do sector público falaste de salarios do médio para o alto, mas os salarios na privada os que citaste são todos do alto para o alto, pequenas diferenças infelizmente...pontos de vista...ou areia para os olhos...pareces uma "lança" (salve seja)do governo!!!!

João, disse...

Obrigado ao Jorge e ao Clarimundo pela participação e pelos reconhecimentos, vindos de vós, pessoas com sentido crítico, é de ter em conta.

Em resposta ao Clarimundo: não me parece justo o reparo em relação aos exemplos do Sector Privado. Um salário de 900 euros mensais, não creio tratar-se de uma classificação “alto”. Aliás, abaixo de 600 euros ficarão isentos de IRS, mas deixo aqui mais um exemplo, de média entre os dois valores:

- Em 2012, um Trabalhador do Sector Privado que tenha um vencimento mensal de 750 €, paga de IRS cerca de 49 € (6,5%); para a Seg. Social 83 € (11%). O que quer dizer que recebe de valor líquido de cerca de 8 652 €/ano, pago em 14 meses (618 €/mês).

- Em 2013, o mesmo Trabalhador do Sector Privado depois da diluição do subsídio de Férias em duodécimos, passará a ter um vencimento mensal de 813 €; pagará de IRS 184 € (22,7%); para a Seg. Social 89 € (11%). O que quer dizer que receberá de valor líquido, cerca de 7 020 €/ano, pago em 13 meses (540 €/mês). Menos 78 €/mês, e só receberão 13 meses. O que dará um corte anual de 1 632 euros. Praticamente o equivalente aos tais 2 salários referidos.

Quanto a ser “lança” de alguém? Não me parece....