sábado, 26 de janeiro de 2013

Do Baú...


Os serões habituais, as conversas sempre iguais, os horóscopos, os signos e ascendentes, mais a vida da outra, sussurrada entre os dentes. Os convites nos olhos embriagados, os encontros de novo adiados, nos ouvidos cansados ecoa: A canção de lisboa.

Não está só a solidão, há tristeza e compaixão, quando o sono acalma os corpos agitados, pela noite atirados, contra colchões errados. Há o silêncio de quem não ri nem chora, há divórcio entre o dentro e o fora e há quem diga que nunca foi boa: A canção de lisboa.

Mamã, mamã, onde estás tu mamã, nós sem ti não sabemos mamã, libertar-nos do mal!

A urgência de agarrar, qualquer coisa para mostrar, que afinal nós também temos mão na vida, mesmo que seja a custa de a vivermos fingida. O estatuto para impressionar o mundo, não precisa de ser mais profundo, que o marasmo que nos atordoa: Ó canção de lisboa.

As vielas de néon, as guitarras já sem som, vão mantendo viva a tradição da fome, que a memória deturpa e o orgulho consome. Entre o orgasmo e a gruta ainda fria, e o abandonado da carne vazia, cada um no seu canto entoa: A canção de lisboa.

Mamã, mamã, onde estás tu mamã, nós sem ti não sabemos mamã, libertar-nos do mal!



Sem comentários: