sábado, 3 de agosto de 2013

Épicos da música portuguesa (10)


Que negra sina ver-me assim, que sorte e vil degradante, ai que saudades eu sinto em mim, do meu viver de estudante. Nesse fugaz tempo de amor, que de um rapaz, é o melhor. Era um audaz conquistador das raparigas. De capa ao ar, cabeça ao léu, só para amar vivia eu. Sem me ralar, a vadiar, e tudo mais eram cantigas! Nenhuma delas me prendeu. Deixá-las? Eu era canja! Até ao dia que apareceu, essa traidora de franja.

Sempre a tinir, sem um tostão, batina a abrir por um rasgão, botas a rir, um bengalão, e ar descarado. A vadiar com outros mais, e a dançar para os arraiais, para namorar, beber, folgar, cantar o fado...

Recordo agora com saudade os calhamaços que eu lia. Os professores da faculdade, e, a mesa da anatomia! Invoco em mim recordações, que não têm fim, dessas lições, frente ao jardim do velho campo de Santana. Aulas que eu dava, se eu estudasse! Onde ainda estava nessa classe, a que eu faltava sete dias por semana!

Mas o Fado é toda a minha fé: embala, encanta, e inebria, pois chega a ser bonito até na “rádio telefonia”; quando é tocado com calor, bem atirado, e a rigor. É belo o Fado. Ninguém há que lhe resista! É a canção mais popular, tem emoção, e faz-nos vibrar! Eis a razão de eu ser Doutor e ser Fadista...


1 comentário:

Helena Barreta disse...

Genial. É uma das recordações da minha infância, quando nas tardes de Domingo víamos estes filmes.

Um abraço