segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Coisas giras vistas por aí (8)


Há dias fui surpreendido pelo amigo Clarimundo Lança (a quem estou agradecido), quando este resolveu enviar-me uma fotografia, que se não era eu, parecia o “diabo por mim”. Confesso que, no princípio não percebi, e fiquei até um pouco atrapalhado. Pois a fotografia parecia exibir a minha imagem (há uns anos atrás), acompanhada de uma jovem que eu não reconhecia, e com o título: “Não vos mataram semearam-vos”, e que, quem quiser, pode verificar aqui.

Cheguei depois à conclusão, que afinal, não era eu que estava ali acompanhado da dita beldade, mas sim o desventurado Padre Max, assassinado em 1976, num atentado que até hoje está por desvendar.

Para comprovar as semelhanças aqui apresento os dois retratos: o de Maximino Barbosa de Sousa (conhecido por Padre Max), e um meu tirado por volta de 1973, com 16 anos de idade. Ele há coisas!


Já agora, o que nos une em parecenças físicas, divide-nos em percursos de vida. Aqui fica, para que não haja confusões, um breve resumo:

Maximino Barbosa de Sousa:

- O Padre Max era professor do liceu, no distrito de Vila Real, e uma figura muito popular na região norte. Max era um Padre militante de extrema esquerda (UDP).

- Morreu quando tinha 33 anos num atentado, na companhia da sua aluna Maria de Lurdes, quando se deslocavam de carro entre a Cumieira e Vila Real, a bomba explodiu, accionada por controlo remoto e os dois morreram.

- Alegou-se na altura que o atentado terá sido perpetrado pelo então Movimento Democrático de Libertação de Portugal (MDLP). O MDLP era um movimento de extrema-direita que se dedicava a perseguir e atacar pessoas de esquerda, sobretudo no Norte do país.

- O primeiro processo sobre o crime foi arquivado em 1977, por falta de provas. Em 1989, o processo foi reaberto pelo Tribunal da Relação do Porto. Foram indicados sete responsáveis pelo atentado: O cónego Melo, o empresário Rui Castro Lopo, e o ex-membro do Conselho da Revolução Canto e Castro, como autores morais; Carlos Paixão, Alfredo Vitorino, Valter dos Santos e Alcides Pereira, como autores materiais. Mas, o processo foi novamente arquivado, por falta de provas.

- Até hoje foram reabertos vários processos, mas nunca ninguém foi condenado.

João Bugalhão:

- Nasceu em 1957, no concelho de Marvão, no seio de família pobre e humilde mas com uma tradição de vivência no concelho com mais de 300 anos.

- Aos 14 anos emigrou para a zona de Lisboa para trabalhar, fazer e completar os seus estudos secundários (ensino nocturno). Foi serralheiro civil e orçamentista. Sempre se interessou pela política, organizou e participou numa Greve antes de 25 de Abril de 1974; e após essa data militou em partidos de esquerda, que abandonou em 1975, por estes não representarem os seus ideais.

- Em 1978 ingressou no Exército e esteve durante 4 anos, onde chegou ao posto de Alferes Miliciano na arma de Cavalaria.

- A partir de 1982 iniciou a sua formação na área da saúde, tendo-se Licenciado em Enfermagem, mais tarde na Especialidade de Enfermagem de Saúde Pública, e completou duas Pós-Graduações em Gestão de Unidades de Saúde. Exerceu a sua profissão no concelho de Marvão (20 anos) e no concelho de Arronches (5 anos). Aposentou-se (ou jubilou-se) em 2009.

- Foi Membro da Assembleia Municipal de Marvão, eleito nas listas do PSD entre 2001-2011, tendo-se demitido em desacordo com o rumo político seguido pelo Executivo Camarário do mesmo partido. Foi ainda Membro da Assembleia Distrital de Portalegre entre 2009-2011.

- Hoje, com 56 anos de idade, define-se como se diz na primeira página deste Blog: Homem livre, descendente de moleiros, heterossexual, apaixonado, Ibérico, observador do mundo, anti-maiorias, exilado, não-alinhado, e semi-analfabeto. 

... e escritor de blogues para espantar a solidão e outras moléstias!

3 comentários:

GRAÇA JORGE disse...

Simplesmente gostei, boa memória

Helena Barreta disse...

São mesmo parecidos.

Um abraço

Unknown disse...

Sr. João Bugalhâo! Que sobrenome tão curioso! VIvo numa pequena aldeia chamada Bagulhão! No concelho de Montalegre! Terão alguma ligação o seu sobrenome e a minha aldeia? Bem haja senhor João!