quarta-feira, 10 de junho de 2015

O que é bom não tem idade...


Mares convulsos, ressacas estranhas, cruzam-te a alma de verde-escuro. As ondas que te empurram, as vagas que te esmagam, contra tudo lutas..., contra tudo falhas. Todas as tuas explosões redundam em silêncio:

Nada me diz...

Berras às bestas que te sufocam, em abraços viscosos cheios de pavor. Esse frio surdo, o frio que te envolve, nasce na fonte, na fonte da dor!

Remar, remar, forçar a corrente! Ao mar, ao mar, que mata a gente:

Nada me diz...


terça-feira, 9 de junho de 2015

Se hoje é um dia para lembrar arquivos...


... e se recordar é viver, aqui fica a minha contribuição com o Post que me iniciou nesta coisa da blogosfera, publicado em Dezembro de 2007:


"COMO NASCE UM BLOGUE

…a meu pai (1920-2006)

“Decorria o ano de 1956, já havíamos passado o solstício de verão e as noites corriam longas e cálidas, celebrando-se nesse dia segundo o calendário gregoriano, a festa de S. Pedro. Manuel, homem de pouco mais de trinta anos de idade, caminhava ao longo das margens da ribeira, que meia dúzia de quilómetros mais abaixo chamavam de rio Sever, que o conduziriam ao moinho do Fraguil, onde morava. Cismava sobre os últimos meses da sua vida falando baixinho como era seu hábito, após mais uns copos com os amigos na tasca do Chico Videira. Esperava pelas duas horas da manhã, hora que, juntamente com mais meia dúzia de companheiros, pegaria na sua carga de café contrabandeado que iria entregar perto de Malpartida de Cáceres.

Luísa, sua mulher, havia-o deixado, depois de mais uma desavença entre ambos e, juntamente com a filha haviam-se acolhido em casa arrendada na Martela, do outro lado da ribeira, cerca de mil metros de distância em linha de tiro de onde Manuel agora se encontrava. Francisco, o filho mais velho casal, então com quinze anos de idade, já há muito que trabalhava em casa de patrão para ganhar a vida, que os tempos não iam fáceis.

Várias haviam já sido as suas tentativas de ajuntamento, mas desta vez, Luísa, parecia não estar pelos ajustes. Ele bem tentava, pois todos os dias, à tardinha, esperava Conceição, assim se chamava a filha do casal desavindo, quando esta regressava da escola e lhe entregava um pãozinho, incumbindo-a de dizer à mãe que voltasse para casa, na esperança, que tal gesto pudesse seduzir Luísa, mas até esse dia sem qualquer resultado prático. Apesar do pão não ser devolvido, também os sinais de que Luísa estivesse para quebrar, tardavam em aparecer.

Pouco passava das dez horas da noite, hora aquela de lusco-fusco, em que todos os gatos parecem pardos e, Manuel, sentiu como que um calafrio que lhe percorreu a espinha, dorida dos trinta quilos de café que tinha carregado a noite passada e depois de mais uma fuga dos guardas-fiscais, que por pouco, o não apanhavam ali bem perto do secadeiro-da-bruxa. Mas aquele calafrio, não lhe pareceu de dor, nem tão pouco de frio, pois a noite estava quente, e as dores, sabia ele como lhe mordiam. Demorou ainda alguns segundos a perceber o porquê, mas, no momento seguinte, a coisa ficou clara no seu pensamento, pois, certamente, se devia à lembrança de corpo de mulher, que há três meses não tocava, e que de repente lhe aflorou, algures na sua cabeça.


Sem perceber, como que por automatismo, encontrou-se a saltar as passadeiras que o levariam à outra margem da ribeira e, sem saber muito bem porquê, já subia, por entre as giestas floridas, a encosta que o haveria de levar às proximidades da casa onde vivia Luísa…”

segunda-feira, 8 de junho de 2015

A praga dos “ajustes directos” continua no município de Marvão!


A praga dos ajustes directos reina no mundo das entidades públicas. Praga porquê? Porque não sabemos se o preço adjudicado foi o melhor (relação “custo qualidade”), até porque, não há garantia da observância dos princípios subjacentes à contratação pública, nomeadamente os princípios da concorrência, da igualdade e da transparência. Citando a jurisprudência do Tribunal de Contas, "o ajuste directo constitui um procedimento fechado, que não integra qualquer nível de concorrência, pelo que só se deve aceitar a sua utilização quando se demonstre inviável qualquer outra solução procedimental que melhor salvaguarde a concorrência."

A Câmara Municipal de Marvão, em minha opinião, continua a usar e abusar dos “ajustes directos” para a quase totalidade das suas adjudicações. É o campeão do Norte Alentejo desta modalidade e, arrisco-me a afirmar, certamente, do país. Como já referi aqui, o município de Marvão em 3 anos (entre 2012 e 2014), no total de verbas utilizadas para adjudicações, 87% foram por “ajustes directos”, e apenas 13% se recorreu ao “concurso público”. Isto, parece-me, exagerado. E não estamos a falar de bagatelas, já que a média anual de verbas nesses 3 anos, rondou os 1,2 milhões euros/ano, num Orçamento total do município que ronda os 5 milhões/ano.

Tal situação já foi por mim despoletada numa Reunião de Câmara no princípio deste ano, no que fui corroborado pelo Vereador da Oposição Nuno Pires, e que levou o Presidente da Câmara a prometer ter mais algum critério nas decisões futuras sobre o uso desta modalidade, nomeadamente, o recorrer à Plataforma Electrónica: base - contratos públicos online (mesmo nos “ajustes directos), e consultar sempre mais que uma empresa ou entidade.

Só que, ao que parece, só é consultado quem o senhor Presidente e os seus correligionários quiserem! Exemplo claro do que acabo de afirmar, é um novo caso que se prepara, já aprovado na última Reunião de Câmara, de uma próxima adjudicação de Prestação de Serviços, que irá onerar o município em 2 000 euros + IVA/mês, e que proximamente aqui trarei ao conhecimento dos marvanenses.

Para provar o que acabo de afirmar, nos primeiros 5 messe de 2015, o município de Marvão já realizou 13 adjudicações. Dessas, 12 foram por “ajuste directo”, no valor de 245 754 euros.

Pergunta-se: Em quantas foi utilizada a Plataforma Electrónica e consultadas mais que uma empresa ou entidade? É que nestas coisas da administração da coisa pública não chega ser sério, é preciso mesmo parecê-lo, para que os munícipes possam julgar.

        Quadro 1 - Adjudicações da CM de Marvão em 2015

   Legenda: A vermelho a única adjudicação por concurso público


Mais dados podem ser consultados aqui.

domingo, 7 de junho de 2015

Regressar a Valência (de Alcântara)...


CP Valência de Alcântara 0 – GD Arenense 3



Equipa do GDA - De pé da esquerda para a direita: Daniel Conchina; Pedro Jesus, Nuno Macedo, Ricardo Ramos, Carlos da Luz, Carlos Bernardo, Nelson Nunes, André Pires, Quim Silva, João Bugalhão e António Garraio. Em baixo pela mesma ordem: Filipe Guedelha, Henrique, Cascavel, Luís Siva, Guilherme Silva, Joel Vilhalva e Pedro Vaz.

( faltam na foto Luís Costa e Luís Macedo)


Fará por estes dias 30 anos que orientei pela primeira vez, uma equipa de futebol sénior do Grupo Desportivo Arenense, decorria o ano de 1985 e foi em Valência de Alcântara. Parece que foi ontem! Nessa altura eu era um jovem de 28 anos, tinha na equipa jogadores 7 e 8 anos mais velhos que eu. Agora tenho 58 e, ontem, tive o prazer de lá voltar, e liderar uma equipa de jovens que ainda nem eram nascidos quando eu lá estive pela primeira vez. O tempo passa, ou nós passamos pelo tempo, e quase não damos por isso. Podem por isso imaginar o misto de emoções que ontem ali vivi!

A coisa começou assim: no passado dia 30 de Maio recebo um telefonema do meu amigo António Garraio que me dizia que, dali a uma semana, a 6 de Junho, o Ayuntamente de Valência de Alcântara iria inaugurar um piso sintético do seu Campo de Futebol e que, fazia questão de convidar uma equipa do GDA para um amistoso, com a nossa congénere cacerenha.

Só que o GDA não tem futebol de 11 sénior há 10 anos. E por isso logo lhe disse que não seria fácil, e eu, só estaria disponível, para orientar a equipa dentro das 4 linhas. Para a organização, não contassem comigo. Estava cansado de dar para esses peditórios, e não me sentia nada motivado e disponível.

Foi aí que o Garraio começou os seus contactos: Direcção do GDA (Luís Barradas), Jorge Rosado, Nuno Pires, e penso que posteriormente o Luís Costa também acabou envolvido. Foram estes 4 amigos que, em menos de uma semana, conseguiram mobilizar cerca de duas dezenas de atletas do concelho, surpreendendo muita gente, nomeadamente, sobre a sua existência, e que andam espalhados por aí pelas diversas equipas do distrito. E outra dezena ficou ainda de fora que, por motivos pessoais, não puderam estar presentes. É caso pra dizer "... o homem sonha a obra nasce!"

Isto é, cerca de 30 jogadores, 80% com ligações ao concelho de Marvão, foram “descobertos” em 6 ou 7 dias. E ontem, dia 6 de Junho de 2015, vestidinhos a rigor, com as cores azul e branco do GDA, entraram no municipal de Valência de Alcântara, para estrearem o seu novo piso, para representarem o clube, o concelho de Marvão, o distrito de Portalegre, e o próprio país Portugal.        

Sobre as peripécias do jogo não vos vou contar muito. Foi pena ver pouca gente do concelho nas belas bancadas que emolduram o campo. Só vos digo que o comportamento de fair-play, das duas equipas, foi exemplar! Nem uma única quezília em 90 minutos. Até eu, nunca a tal tinha assistido no passado! As duas equipas limitaram-se a jogar a bola de cá para lá e, de lá para cá. Nem dos árbitros tenho notícias a não ser, da amena cavaqueira que com um mantive no final do jogo, durante um belo petisco que nos presentearam, não sobre o “partidaço” que se havia disputado, mas sobre a sua paixão pela língua portuguesa e suas dificuldades.

No final do jogo o GDA acabou por ganhar por 3 – O com golos de Ricardo Ramos, e André Pires (2). E que golaços deste puto maravilha (atenção olheiros, abram a pestana) , a quem toda a plateia, imediatamente, começou a apelidar de “pequeño messi”. Mas se este jovem, e outros têm agora 18 -19 anos, também outros menos jovens deram o seu contributo, alguns já na ternura dos 40. E que bonito foi ver combinar a experiencia e a juventude! O FUTEBOL é um jogo maravilhoso, e não precisa de muita conversa para ser jogado. O resultado só poderia ser um: Muito Bom.

Porque participei eu nesta actividade? Em primeiro lugar, pela paixão e pelo prazer do futebol e pelo desafio que me foi lançado pelos amigos em cima referidos. Em segundo lugar, para tentar sensibilizar os responsáveis políticos e desportivos de que, talvez, o futebol sénior no concelho Marvão merecesse uma oportunidade sustentável e de acordo com a realidade.

Se valeu a pena? "... vale sempre a pena se alma não for pequena". A primeira pedra está lançada. Quem vai atirar a próxima?

- Arrumação tácita da equipa do GDA:

- As duas Equipas para a posteridade

- Equipas perfiladas para início do jogo

- Fases animadas do jogo


- Aspecto bem composto da bancada com as autoridades política

- Foto com 6 anos: Já em 2009 se previa que este menino (André Pires) daria um bom jogador 

Nota Final: Um bem haja a todos os que participaram nesta iniciativa, e que me fizeram reviver 30 anos dedicados ao desporto rei.   

sexta-feira, 5 de junho de 2015

E esta hein?! Dez anos depois...


É uma surpresa, certamente, para a maioria daqueles que acompanham estas coisas do pontapé na bola em SA das Areias e no concelho de Marvão. Mas vai acontecer já amanhã. O Grupo Desportivo Arenense vai estar representado por uma equipa de Futebol de 11 Sénior, dez anos depois da sua última participação numa prova.

É apenas uma “diversão” por agora. Para responder aos nossos vizinhos e amigos espanhóis de Valência de Alcântara, que convidaram o GDA para participar na inauguração do piso sintético do seu Campo de Futebol. E em apenas uma semana, com muito esforço e dedicação, foi possível mobilizar duas dezenas de atletas para vestirem a camisola e representarem o Clube internacionalmente.

Tal só foi possível graças ao perseverante trabalho de 3 pessoas: António Garraio (embaixador e “empresário” da coisa), Jorge Rosado e Nuno Pires (seleccionadores); bem como ao grupo de amigos atletas que aceitaram o desafio. A mim caber-me-á a honra de fazer a equipa e a respectiva táctica, espero estar à altura.

Quem sabe se, não estará aqui, um desafio e incentivo para que bola volte a rolar no Campo dos Outeiros... 
     

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Mais 7 anos a servir o meu clube do coração

Tal como vim aqui deixando transparecer, chegou ao fim no último sábado, mais uma colaboração com o meu clube de há quase 40 anos: Grupo Desportivo Arenense

Nestes 37 anos ali fui de tudo: jogador (fraquinho), massagista, roupeiro, animador cultural, segurança da discoteca, marcador do campo, motorista, apanha bolas, árbitro, treinador de todos os escalões (dos infantis aos seniores), tesoureiro, secretário, presidente (6 anos da direcção e 2 da assembleia geral), entre outras coisas; e nas últimas 7 épocas (2009 – 2015) responsável pela Secção de Velhas Guardas.

Sobre a minha participação na vida no GDA talvez algum dia faça a história. Quero relembrar que para mim, esta colaboração, foi uma das maiores e melhores experiências de vida. Em relação à instituição, e enquanto associação desportiva, resumidamente, direi que, o clube, sempre ganhou mais vezes do que perdeu.  

Mas por agora quero fazer uma breve avaliação, para memória futura, destes 7 últimos anos de muito prazer e enriquecimento pessoal, por ter pertencido a este projecto. Ao longo destes 7 épocas realizámos 57 jogos convívio, numa média de 8 jogos por época, e jogámos com 15 grupos congéneres:

 - Velhas Guardas do GRAP, Pousos/Leiria
- Grupo de Amigos de homenagem a João Vitorino
- Velhas Guardas de São Mamede
- Sport Nisa e Benfica
- Grupo de Velhas Guardas de Arronches
- Grupo de Velhas Guardas de Alpalhão
- Grupo de Velhas Guardas da Urra
- Grupo de Velhas Guardas Amigos do Café Castro
- Grupo de Velhas Guardas de Sousel
- Grupo de Velhas Guardas do Desportivo Portalegrense
 - Grupo de Velhas Guardas do FC do Crato
 - Grupo de Velhas Guardas das Caldas da Rainha
 - Grupo de Velhas Guardas de Manique de Baixo
- Grupo de Velhas Guardas do Ecléctico de Ponte Sôr
- Equipa Campeã Distrital do GDA 2005


Os convívios são difíceis de quantificar, foi preciso estar lá presente. Os resultados desportivos estão espelhados no Quadro1.

    Quadro 1 - Resultados desportivos das Velhas Guardas do GDA 2009 - 2015

Não posso também de deixar um agradecimento público a todos aqueles que fizeram parte deste Projecto, e cuja participação foi aquela que cada um pode dar. Um reconhecimento muito especial ao Fernando Bonito, o treinador de campo de todos estes anos, “sem chicotadas ou demissões”, e que teve a coragem e a paciência de me aturar. No Quadro 2 estão quantificadas em números absolutos e relativos a participação de mais de 6 dezenas de antigos atletas do GDA. Uma só frase: obrigado pela vossa colaboração.

     Quadro 2 - Participações nas actividades/jogos de Velhas Guardas do GDA
        (a) - Entraram mais tarde para a equipa

Quero deixar também um agradecimento público às Instituições ou Entidades que connosco colaboraram nestes 7 anos e que, sem eles, a coisa não teria sido o que foi:

- Grupo Desportivo Arenense
- Câmara Municipal de Marvão
- F&A Seguros -  Zurich
- Restaurante JJ Videira
- Restaurante o Serrinha
- Restaurante Pau de Canela
- Restaurante Zé Calha

Quero também dizer aqui publicamente que, apesar de residual, financeiramente a actividade teve um saldo positivo, que será entregue a quem me substituir, ou à Direcção do GDA.

Espero pois que o Grupo se organize o mais rapidamente possível, já estão 4 jogos agendados para a próxima época. Que se encontre quem me substitua. A actividade tem pernas para andar, cerca de 35 associados. 

Eu por mim, por agora, chega ao fim mais uma fase da minha vida associativa. A todos um OBRIGADO do tamanho do mundo, pelo privilégio que me deram de estar convosco

Por fim ficam algumas imagens avulsas, de alguns dos momentos desses 7 anos e dos 57 jogos de puro convívio. Ou do “futebol na sua essência”, como tantas vezes lhe chamei. Só quem lá esteve sabe o que isso significa..., e eu, estive lá sempre!


Tudo começou aqui em Abril de 2009, com o GRAP de Leiria do embaixador nessas paragens Mário Bugalhão:




  ... a táctica desse jogo do "mister" Bonito Dias:



Depois? Bem, depois fomos por aí:































terça-feira, 2 de junho de 2015

Pedagogias modernas...


... ou as novas tendências educacionais primavera verão!